Prefeitura e Estado se unem no atendimento aos moradores de rua em Itabuna

Governos unidos para resolver um grave problema social
Ascom

 

Servidores das áreas sociais, de educação, saúde e segurança pública da prefeitura que vão trabalhar no Centro de Referência Especializado para a População em Situação de Rua (Centro POP) da Secretaria da Assistência Social (SAS) estão aprendendo como lidar e ajudar os moradores de rua de Itabuna. Os servidores participam de um curso de formação, cuja aula inaugural aconteceu na manhã desta terça-feira, na sede do Grapiuna Cidadão (Jardim Grapiuna).

O treinamento terá duração de quatro dias e é ministrado pelo coordenador do Programa Bahia Acolhe, Adauto Leite Oliveira, e pela coordenadora do Movimento Nacional de População de Rua, Maria Lúcia Santos Pereira, ambos da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza (Sedes). A meta é preparar 64 servidores envolvidos na política de resgate e promoção à vida proposta pelo município através do Centro POP.

Com palestras, dinâmica de grupo e aulas teóricas, os técnicos da Sedes vão ensinar como os servidores devem atender o morador de rua desde a abordagem até o final, quando ele é considerado um cidadão reintegrado a sociedade. Adauto Leite disse que o processo é complexo, exige tempo e técnica, e não depende apenas de boa vontade, mas, principalmente de sensibilidade.

Segundo o coordenador do Bahia Acolhe, se o servidor não souber abordar o morador de rua, não tiver entendimento do que esse trabalho significa e não souber mostrar que o individuo tem direitos e deveres e que ele pode voltar a ser um cidadão produtivo e integrado familiar e socialmente, vai trabalhar apenas pela obrigação. Adauto Leite considerou que a equipe da Secretaria de Assistência Social não se mostrou apenas comprometida, mas também “sensível e disposta a trabalhar pela causa. É possível sentir essa disposição pela forma como vem sendo conduzido o trabalho na assistência social no município”.   

A coordenadora do Movimento Nacional de População de Rua, Maria Lúcia Santos Pereira, reforça a importância do trabalho em favor do morador de rua ao destacar, por exemplo, ações que propiciem o retorno deles ao convívio familiar, a aquisição de documentos para o acesso a benefícios sociais, o atendimento em postos de saúde ou encaminhamentos a centros de recuperação como o CAPS AD, já existente em Itabuna. Maria Lúcia diz ainda que as políticas públicas direcionadas aos moradores de rua são uma conquista recente para um problema histórico, que não vai ser resolvido de um momento para outro, “mas com certeza vai minimizar sensivelmente, o que já é um bom começo”.

Antes do início da aula, a atriz Zélia Possidônio, caracterizada de mendiga, fez uma demonstração emocionante ao falar do sentimento de solidão e exclusão quase sempre  enfrentado pelo morador de rua. “O silêncio das pessoas que passam e não nos vêem é assustador. Elas não nos tocam, tem medo e fogem não só do nosso cheiro, e nossa aparência e isso machuca”. Bastante aplaudida, ela encerrou a apresentação dizendo que não se pode rejeitar o abandonado porque todo ser humano tem ou teve uma família.

 Estiveram presentes à solenidade de abertura o secretário municipal da Assistência Social - SAS, José Carlos Trindade, os diretores e funcionários de todos os departamentos da SAS, além de representantes da Guarda Civil Municipal e do 15º Batalhão da PM.